Faleceu neste domingo (6), aos 95 anos, o cantor e compositor paraibano Antônio Barros, um dos nomes mais influentes da música nordestina. Vítima de complicações causadas pelo Parkinson, o artista estava internado desde o início do ano após uma broncoaspiração — problema recorrente em pacientes com a doença degenerativa, que afeta funções motoras como a deglutição.
O velório será realizado a partir das 13h no cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa.
Natural do município de Queimadas, no interior da Paraíba, Antônio Barros começou a compor na década de 1950. Sua trajetória musical se consolidou nas décadas seguintes, quando formou uma das parcerias mais produtivas da música brasileira ao lado da esposa e também compositora Cecéu, com quem escreveu sucessos interpretados por artistas como Elba Ramalho, Luiz Gonzaga, Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Fagner.
Juntos, o casal assinou canções que se tornaram clássicos do forró, como “Homem com H”, “Bate Coração”, “Forró do Xenhenhém” e “Óia Eu Aqui de Novo”. O repertório da dupla ultrapassa 700 composições e marca gerações com letras que celebram a identidade nordestina.
Barros teve sua formação escolar no Grupo Escolar José Tavares, o primeiro colégio de Queimadas, fundado em 1937. Foi ali, por influência de parentes e do primo Adauto, que aprendeu os primeiros acordes no violão e os toques no pandeiro. Posteriormente, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi acolhido por Jackson do Pandeiro, ícone do ritmo que também o ajudou a abrir portas na cena nacional.
O reencontro com a Paraíba viria anos depois, em Campina Grande, onde conheceu Cecéu. A afinidade artística e pessoal resultou em uma parceria duradoura, que migrou para o Rio de Janeiro e ganhou os palcos do Brasil.
Em 2021, o legado de Antônio Barros e Cecéu foi oficialmente reconhecido com a sanção de uma lei estadual que declara a obra da dupla como patrimônio cultural imaterial da Paraíba. A autora da proposta, a então deputada estadual Estela Bezerra, justificou o reconhecimento como uma forma de preservar uma herança que representa “a essência do povo nordestino”.
“Suas composições atravessam gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano e nordestino”, declarou Estela na época da aprovação da lei.

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